domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sobre Brisas



Para ler ouvindo: Saudade - Marcelo Camelo.

Deixa o vento bater, deixa bagunçar tua franja, deixa eu olhar você comigo aqui. Deixa a janela aberta o vento passar e testemunhar; eu e você nos melhores momentos de nossas vidas. Não me olhe tão fundo assim amor, que eu tenho medo. Medo de que você descubra alguma coisa que não goste. Alguma coisa daquelas que a gente sempre acha melhor esconder do que contar. Olha pro meu cabelo também, não sei, só não cruze seu olhar assim, tão fundo, com o meu. Eu sempre vou lembrar desse dia em que o vento invadiu a casa levando todos os sentimentos ruins e os maus-olhados pra longe da gente, pra nada atrapalhar. Sua franja ao vento e eu com a mão no seu rosto fazendo carinho em você. Tocar, essa sempre foi a parte mais importante de tudo não é? Eu poderia ficar aqui pro resto da vida sentindo você, quente, seu cheiro tão perto. E o relógio... Desliga ele pra ele não fazer esse tic-tac de tempo se esgotando. Nem mesmo as ampulhetas são mais angustiantes, pelo menos elas são silenciosas. Eu levanto e tiro a pilha desse relógio enquanto você muito se diverte com as minhas atitudes piegas. Você se distrai e deitada no chão nesses dias tão quentes de Fevereiro, olha pro outro lado, onde não se pode ver nada, além da porta da sacada. Eu fico imaginando no que você pensa.. Acho que consigo adivinhar. Uma vez você me disse que quando esta sozinha fica na sacada olhando o mar e pensando que um dia ele, ou o vento, ou o pôr-do-sol vão me trazer pra você sem você ao menos esperar. E fecha os olhos deixando que o vento ao bater no seu rosto pareça o meu toque que, você sempre diz, é leve como a brisa. Por isso te digo que não feche a janela, deixe que o vento bagunce seus cabelos, deixa eu te imaginar na sacada com essa brisa contra você. Me dá uma pontinha de dor aqui dentro, de imaginar você tão sozinha aos domingos, “que dia cruel é o domingo” você me disse, eu concordo, “sobra tanto tempo”. “A gente nunca pensa o que tem que fazer na segunda, ou quantas contas tem pra pagar, ou o que na casa temos que limpar, reformar, só sobra tempo pra pensar no amor”. O que não é de todo ruim eu tentei argumentar, mas você ficou calada, sabendo que eu também sentia a dor que você sente, e você sorriu porque sabia que no fundo eu sempre tentava amenizar o seu sofrimento. Mesmo sofrendo mais ainda se soubesse que você não sofria essa saudade. E Marcelo Camelo cantando ao fundo meio rouco, meio nostálgico, meio que como a gente. Esse é o primeiro dia da semana que teremos pela frente e a saudade e o medo e o vazio dos dias sem você já me incomodam, eu sei te incomodam também. É só olhar você, deitada de lingerie no chão, que qualquer um perceberia que essa tristeza nenhuma brisa consegue levar. E você olha pra mim, e eu sorrio, um sorriso molhado de inconvenientes lágrimas negras que eu tentei esconder. Um choro engasgado na garganta que a gente teima em tentar engolir. E você que sempre foi mais forte que eu nesse quesito sorri, não é desdém, não é pena, não é tristeza, é só compaixão, compreensão. A velha e amiga empatia. Você se levanta, diz que está com frio, fecha a janela e me leva pro quarto. Você adormece sempre como um bebê no meu colo, você diz que não dorme direito longe de mim e se desculpa por perder tempo dormindo quando eu estou do seu lado, “mas é que você me dá tanta proteção que só assim eu consigo dormir sem medo de estar sempre sozinha”. Empatia eu digo, você não entende. E dorme. E enquanto você dorme, eu peço pra que a brisa leve esse gosto de futuro fracassado da minha boca. Uma, duas, três até perder a conta de quantas vezes eu pedi. E sem querer me esqueço, que você há pouco fechou a janela, e não há brisa alguma que seja capaz passar por aqui.


Obs: Obrigadasso sempre aos que comentam. [ E mais ainda obrigadasso aos que comentam SEMPRE. ]

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sobre Feridas

Tantas fotos suas. Você em pedaços na tela do meu computador. Não era esse fim que eu tinha planejado embora soubesse desde o começo que... Espera aí, não houve começo, não houve nada; Só uma tentativa de ter o que eu amava. Em pedaços com expressões, diferentes, tantas vezes tantas cenas imaginei pra mesma expressão de seriedade que você tem em uma dessas fotos aqui.
E como se você fosse um assunto superado e eu um acidente esquecido você consegue me encontrar no meio de uma praça qualquer como se dissesse: "Oi, me fala um pouco da sua vida e pergunta um pouco da minha também, me deixa te tocar e sentir o tamanho das cicatrizes!". E como se você fosse um assunto realmente superado e eu um acidente esquecido, te deixo me tocar e finjo que o que você sente são cicatrizes e não feridas ainda abertas. E sorrio. O meu sorriso afetado de te fingir que não sinto dor...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

2º Meme

E as regras são:
1.: Escrever uma lista com 8 coisas que sonhamos fazer antes de “ir embora daqui”;
2.: Convidar 8 amigos de blogs para responder também;
3.: Comentar no blog de quem nos convidou;
4.: Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da “intimação”;
5.: Mencionar as regras.

1- Eu quero fazer sexo na praia. (sea, sex and sun), não sei, uma coisa meio infantil, meio despudorada, meio sem sentido, mas eu quero tentar um dia, mesmo que depois de um mês eu ainda ache resquícios de areia na minha bunda.

2- Eu quero me casar, com vestido de noiva ( deve haver algum lugar que deixe duas meninas se casarem de vestido branco de noiva, sem considerar isso uma ofensa aos bons costumes da sociedade.)

3- Eu quero morar numa casa bem grande, dois andares, quintal, pivetes pra encher a casa, gêmeos, (algum filho tem que ser JAPONÊS ).

4- Trabalhar no litoral, em algum hotel. Quero me tornar uma profissional MUITO, mas MUITO, eficiente e gabaritada. ( Deus me ajude )

5- Quero escrever um livro de contos, quero que gostem do que eu escrevo, quero satisfazer meu ego. Quero dar orgulho pros meus pais.

6- Quero comprar um rancho que tenha uma represa bem grande pro meu pai poder pescar o quanto quiser e se pah eu pague uma plástica pra mim mãe. hahahahhahahaha

7- Eu quero preservar meus amigos, quero convidá-los pra passar um fim de semana na minha casa com minha companheira. 0/

8- Eu quero ser feliz, desmedidamente feliz.



Bom, como eu já fiz um meme, e como eu já indiquei pessoas pra um selo, eu não vou indicar ninguém pra esse meme que eu recebi da Nina (http://sobrefatalismos.wordpress.com/) lindeza. Quem se sentir com vontade por favor fique á vontade. :)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

[ MEME ]

Eu recebi esse meme do Luis Carlos [http://silogismojuridico.blogspot.com/] e eu não esperava MESMO. Fiquei super feliz. Obrigado. 0/
Bom, no meme, eu tenho que contar seis coisas aleatórias sobre mim... Eu costumo me expor demais quando as pessoas perguntam coisas sobre mim ou quando eu tenho que dizer coisas sobre mim e costumo falar muito também. hahahaha. Espero que não se assustem. Vamos lá.

1- Depois de grande eu passei a ter medo do escuro. Eu não devia ter medo do escuro, nem da solidão, mas com o tempo eu fui adquirindo esses medos. Eu sou filha única por parte de pai, criada com ele, sempre fui muito sozinha e fechada com a família. Acho que por isso comecei a temer a solidão de uma maneira angustiante. E o medo do escuro ? Como se explica? Não sei, mas pareço uma menina de dez anos ligando a luz do celular pra verificar que não tem nada no meu quarto. hahahaha

2- Eu tenho mania de agradecer a todo mundo, por tudo. hahaha. Claro que isso é bom. Chamo todos os mais velhos de senhor ou senhora também. Agradeço a fachineira que me deixa passar quando ela taá limpando, ao atendente que me vende alguma coisa. Falo com as crianças que vejo na rua, mexo com todas. :X

3- Quando estou com alguém sou meio possessiva, quero tudo pra mim. Quero coisas intensas, declarações de amor mais bonitas, quero o tempo todo pra mim, quero a alma inteira de quem está comigo. Claro que isso é chato, mas é claro também que eu sei desfarçar muito bem pra não chatear quem está comigo.

4- Eu me incomodo com o que as pessoas pensam de mim, com o que elas pensam do que eu escrevo. Tenho medo de parecer ridícula, de parecer feia, de parecer piegas, de parecer chata, de ser desinteressante. Quero que as pessoas me conheçam como eu sou e quando eu não tenho intensão de impressionar [ quando eu não tenho nenhuma segunda intensão ] eu sou verdadeira desde o princípio.

5- Não sei viver sem mentir. Eu minto, minto pra me preservar, minto pra me expor, minto pra dizer que não sofro, pra dizer que sofro demais, minto porque já traí, minto pra dizer que não pude sair, minto pra dizer que meu caráter é limpo, minto pra escrever... Magôo algumas pessoas, mas na maioria das vezes minhas mentiras são leves [ dizem que não existe mentira leve ou pesada, tudo é mentira, mas eu discordo.] e as pessoas não costumam descobrir que eu menti.

6- Quando eu faço demais sobre mim costumo me arrepender depois, bem tipo: Não devia ter dito isso, mas agora já foi. Quem me quiser que goste de mim como eu sou, mesmo eu tendo uma boa tendência a mudar pra agradar quem eu gosto. =S


Bom, as regras são:

1 - Linkar a pessoa que te indicou.
2 - Escrever as regras do meme em seu blogue.
3 - Contar 6 coisas aleatórias sobre você.
4 - Indicar mais 6 pessoas e colocar os respectivos links.
5 - Deixar a pessoa saber que você a indicou, deixando um comentário para ela.
6 - Deixar os indicados saberem quando você publicar sua postagem.

Os indicados são:

Camila : http://inventandobatidas.blogspot.com/
Moni : http://pensamentosemcores.blogspot.com/
Gabriele: http://apenadaasadeumanjo.blogspot.com/
Maria Louca: http://insensibilidadenatural.blogspot.com/
Cris: http://saudade-roxa.blogspot.com/
Carolina: http://vilarejoparticular.blogspot.com/

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Selo *-*



Regras:
1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” que você acabou de ganhar!
2- Poste o link do blog que te indicou.
3- Indique 10 blogs de sua preferência.
4- Avise seus indicados.
5- Publique as regras.
6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com, juntamente com os 10 links dos blogs indicados para vericação.Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.
O Selo que eu ganhei da Isolente ( *-* ) http://insolente4.blogspot.com/
que eu adoro muito. Ela escreve muito bem e sempre me toca.
Os blogs indicados são:
Espero que entendam que a ordem não é de importância.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sobre Ser Toda Falta.

Instruções:
  • Só leia com paciência.
  • Só comente se tiver realmente lido.
  • Respire, prenda a respiração e lá vai.
Ela tinha que achar. Era seu e fazia tanta falta. Motivos suficientes para revirar a casa toda atrás de qualquer coisa por pequeno que fosse. Já havia tanta coisa sua que sentia falta, havia tanta coisa que sentia falta, que se acumulasse mais faltas seria ela inteira vazia, uma prateleira, como tantas aquelas que haviam em sua casa abarrotada de coisas, ela, no caso, abarrotada de faltas.

Claro que eram motivos suficientes esses, mas só pra justificar que ela levantasse às 3h da madrugada de um Sábado pra Domingo pra procurar um abajur de madeira antiga, de fios desencapados, e uma decoração de cabaré, vou lhe dizer os outros motivos... Era tarde e ela queria ler um livro em sua cama como era de costume na solteirice, mas não podia acender a luz que acordaria o seu marido. Esse também é um motivo que sozinho justificaria a toda a busca desesperada pelo abajur. Já te explico isso. Deixa eu primeiro te contar os motivos cumulativos: estava frio e não sairia da cama pra ler um livro, e por último porque o abajur ganhara da avó que fora puta nos anos 60, não, não é piada leitor, fora puta de verdade, num dos mais bem freqüentados cabarés de São Paulo. Na época saía com vários empresários estrangeiros, um até era fixo e lhe ensinou a falar francês (bonjour, sava bien?), saia também com os maiores plantadores de café da região e unzinhos que tinham dinheiro para pagar seu cachê de putacara. Por isso eu digo e repito o abajur (que, aliás, havia ganhado do francês, pura ironia, não? Abajur = abat-jour = Frances?) vinha de uma decoração de cabaré.

Não, não podia, não queria e não ia acender a luz branca do quarto, porque isso acordaria Felipe que tinha sonos mais leves que o de um bebê recém nascido. Isso era um saco, porque Débora tinha insônia freqüentemente e no outro dia tinha que ouvir comentários como “nossa amor, você dormiu essa noite?” ou “havia formigas no seu lado da cama, Débora?”, o que ela odiava. Além disso, Felipe ficava uma fera se o acordassem de madrugada e a relação deles andava tão instável que ela evitaria qualquer tipo de briga.

Porque na abarrotada prateleira de faltas dela, a falta maior, a que ocupava mais espaço na prateleira, que era ela, por incrível que pareça era a falta do homem que dorme todos os dias do lado dela. A falta dos carinhos dele, dos beijos dele, das palavras bonitas, de tudo que pra ela significava sinais de amor.

Então ela se levantou, com cuidado, ligou o som do MP3 baixinho, naquele cd de música que ele sempre escutava pra fazer yoga, pra tirar cochilos, pra esquecer as raivas de um dia estressante e foi procurar. Não estava pela casa ela sabia, mas sabia onde encontrar.

Quando Felipe se mudou pra morar com ela, ela encaixotou vários mimos seus, para que na casa houvesse espaço parar as coisas de Felipe. Para que ele não sentisse que não havia espaço pra ele, pras coisas dele. E jogou tudo na despensa, onde, vira e meche, ela tinha que procurar alguma coisa que lhe fazia falta.

Então, foi pra despensa, que se pudesse escolher seria seu lugar favorito da casa, o que tem mais coisa sua, o que tem mais a sua cara. Sabia que em alguma daquelas tantas caixas estaria dentro de alguma o abajur do francês.

Não se lembrava de ter deixado aquele banco lá, mas lá estava, subiu e começou a desempilhar as caixas, pegou a mais alta, pôs no chão, foi revirando entre as coisas que tinham lá dentro.
Ursos de pelúcia que ganhou durante o namoro com Felipe, cartas de amor, flores amassadas dentro de livros, vários corações, de todos os tamanhos, vermelhos, amarelos, verdes, pretoebranco, preto e branco, recortados de revistas, jornais e com dedicatórias daquela linda letra desenhada que nem parecia de homem, pingentes antigos, fotos, chaveiros, cinzeiros, isqueiros, batons, mascaras de carnaval.

Quanto mais caixas ela abria mais o passado ela revirava. Velhos carnavais, bolinha de bet, bolinha de ping-pong, bolinha de cachorro, bolinha de piercing, bico de criança, frascos de perfume, broches, bótons, terços, troféus, lenços, porta-retratos, agenda, caneca, diário. Era tanta coisa velha, tanta coisa que fazia parte dela ou que era ela por inteiro, que ela teve vontade de ficar ali, porque se sentiu velha e antiquada e antiga e ultrapassada e presa no tempo com/ como todas aquelas coisas encaixotadas e deixadas pra escanteio por ELE. Que nem era ELE mais, era só um cara com quem gozava quase todas as noites, um cara pra quem dava bom dia todas as manhãs, e as frases mais sinceras e carregadas de sentimento que se falavam eram: “tome cuidado”, “leve o guarda-chuva”, “você nunca faz/nunca sente/nunca vê”, “que se foda”, “quer transar?”.

Ficou ali por horas, e ela chorava. Eu não ia te contar que ela chorava. Ela não contaria pra ninguém. Mas acontece que chorava e as suas faltas abarrotadas doíam mais que machucados internos com pinos quando faz frio. Mas algumas faltas sumiam, como a dos retratos, como a do terço, como a dos bótons, como a da caneca, e essas faltas que sumiam deixavam ela mais vazia, porque afinal “perder vazio é empobrecer”. Justo ela que era somente falta, abarrotadamente cheia de faltas, perdia um pouco delas agora. O que não é justo. “Não é justo” pensou ela, e de pensar assim chorava mais e soluçava.

Já devia ter quase 3horas que olhava todas aquelas lembranças guardadas e quando já nem se lembrava do que estava procurando foi que o achou, empoeirado, mas ainda sim lindo, querido, estimado e sentada no banco abraçada ao abajur ela chorava.

Foi então que Felipe acordou. 06h30minh de um domingo. Tinha toda a tarde pra dormir, agora ele queria ir à feira, comprar frutas. Adorava chegar cedo à feira, pegava sempre as coisas mais frescas, as verduras mais bonitas, as frutas mais doces. Não trocava isso por nada, mesmo quando muitas vezes Débora lhe pedia pra dormir mais um pouco, ficar mais na cama com ele, não tinha negócio, ele tinha um prazer imenso de comprar na feira às 7h da manha. E ela como boa esposa o acompanhava.

Achou estranho não achá-la na cama, “ao menos um dia ela vai partilhar do meu hobbie sem me atrasar.”, pensava enquanto se encaminhava para o banheiro onde, jurava, ela estaria.
Não estava. Procurou-a pela casa toda e quando enfim a achou, ela estava em prantos e soluços abraçada a um abajur cafona de decoração de cabaré. Isso o afetou tanto. Desde a perda da gravidez, era isso o que mais o havia afetado. Ver ela no meio de tanta “quinquilharia” chorando cheia de coisas em volta. Ficou olhando por uns cinco minutos sentindo uma dor tão grande quanto a dela, pra só depois ir ao encontro dela.

Pisando em ovos pra não estragar essas coisas antigas ele a puxou pela mão, ela veio, mas com o abajur. Ele com cuidado a fazia soltar o abajur até que pudesse pô-lo em cima do banco que estava ao lado. Ele a abraçou com a mesma força que abraçou no dia em que a médica disse: “Foi um aborto espontâneo, o feto era pequenino e frágil, ele não sobreviveria, eu sinto muito”.

- Vem, vem deitar abraçada comigo. Vem chorar no meu ombro, eu cuido de você.

Ele a levou com cuidado para o quarto, sem soltar ela do seu braço, seu abraço apertado. Ele trocou o seu prazer dominical pra cuidar dela que agora o afetava e chorava no seu peito, deitada, abraçada a ele como há muito não ficava.
E ela trocou mais uma vez suas coisas por ELE, deixou tudo guardado, encaixotado para que ele ocupasse o espaço vazio.
Afinal, ele era seu, e fazia falta. E na prateleira abarrotada de faltas dela, a falta maior, a que doía mais, era a falta d”ELE. E isso... Isso era motivo suficiente.

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Obs: Eu já disse que não prometo fazer textos menores, não é?