sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ela se jogou. 0///

Ela se jogou.
Ele talvez estivesse em casa agora, ou talvez no boteco da esquina, ou quem sabe em qualquer um desses tantos puteiros pela cidade. Mas hoje ela não quis saber, hoje, não a interessava nem o amor, nem o ciúme, nem as lembranças e nem as juras trocadas. Hoje ela quis viver pra ela! Se pintou, se vestiu, se jogou. Vestido preto, salto 15, sombra prata, assim ela saiu, sem nem olhar para trás, esqueceu telefone, cartas, e-mails, Pager, qualquer meio de comunicação que não fossem seus olhos, mãos e boca.
Destino? Uma boate do subúrbio! Drags, bichas e putas, a melhor companhia que ela conseguiria seria um bom copo de wisky de 5º. E foi o que ela escolheu, 1º, 2º, 3º e lá pro 10º dose (se é que ela conseguiu chegar na 6º) ela já dançava em cima do palco, balcão e mesas. E ela não se sentia dentro de si, embora se sentisse dona daquele corpo, ela era agora uma borboleta, algo livre, que se libertava de todo o pecado que a prendia naquele corpo mundano que tinha um dono, um só dono e esse não era ela, mas não agora, agora ela era sua e só. Sim, ela queria se sentir dona de si, mas só conseguia com o álcool dominando de seus sentidos.Voltou pra casa assim, bêbada, insana, satisfeita. Se quer tirou o salto, o vestido, a maquiagem, apagou-se.Ela se quer se virou durante a noite, e aquele copo de água no criado mudo amanheceu intacto, ela não. Ela acordou com a velha ressaca, aquela dor de cabeça insuportável, a boca seca e a sede que ela esperou ter durante a noite.. Ela abriu os olhos, ela sentiu tudo rodar, ela levntou-se rápida, correu para o banheiro, ajoelhou-se diante o vaso donde ela podia se ver e esperou, esperou pelo vomito, pela sensação de alívio. Depois de todo seu vomito, apertou aquele botãozinho que trazia toda aquela água e fazia aquele barulho insuportavel que a fazia se sentir latente, deitou-se no chão frio do banheiro e dormiu por mais 20 ou 30 minutos. Ela se levantou, se olhou no espelho, escovou os dentes e enquanto escovava os cabelos ela se olhava lerda, com um sorriso safado, estava feliz embora ela sentisse de novo aquela velha bigorna amarrada ao seu pé. Ela passou o dia sozinha, incontrolavelmente satisfeita e estava feliz sim.Ela pensava ter encontrado um equilíbrio entre a bigorna que aprendia sempre no mesmo lugar e o guindaste que a puxava sempre pra frente. Ela sabia bem que estava presa e ao mesmo tempo tão livre. O que ela não sabia era que a chave que libertaria daquela bigorna estava ao seu alcance, num esticar de corpo, braços e dedos. E Lamentava-se : Triste esse o destino de nunca se ter!!!


Obs: Sexta. Humpf.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Sorriso-de-Terça-Feira.

Entre os gemidos dela mal se podia ouvir a respiração dele, que por sinal ficava cada vez mais ofegante. Naquela posição, naquele encaixe, ele sentado e ela sob ele a enlaçá-lo , ele podia olhar bem para ela, enquanto ela queria mesmo era não olhá-lo, ela entrelaçava os dedos no emaranhado de cabelos negros e curtos, e o puxava , ficava com a boca ao seu ouvido. Talvez ela quisesse ouvi-lo, talvez quisesse se fazer ouvida, talvez só não quisesse o encarar. Quando ela se esquecia, ele a olhava. Dali, podia ver cada gosta de suor que escorria do seu rosto, podia ver as bochechas coradas do calor, da excitação, podia ver a doçura nos olhos dela e isso o deixava mais excitado. A sua forma de fazer amor talvez fosse o que ele mais gostasse, isso , depois de todo o mistério que a envolvia.
Apesar de poucas as vezes, essa era a quarta, ele já sabia interpretar todos os sinais que o corpo dela lhe dava. Os gemidos dela diminuíram, ele trocou de posição, deitou-se em cima dela. Ela gostava dessa posição, gostava de sentir o corpo dele em cima do seu, o encaixe do quadril, os ossos.
Estava perto, ela falhava a respiração, segurava-a. Soltava rápido e enchia os pulmões de ar. Ele já havia parado de contar até dez, já havia parado de tentar se controlar. Com as unhas dela cravadas nas costas dele, ele sabia assim que gozaria junto com ela e acelerou o ritmo então. E sentia o encaixe que lhe parecia perfeito. Ela gemia mais alto agora e ele quase não respirava. Ele sentia o sexo dela apertar o dele e ele sabia agora que já podia gozar.
Depois de toda a transa que tiveram, para ambos muito satisfatória, ele se deitou, era a vez dele sentir o corpo dela sob o seu, ou pelo menos parte dele, ela deitou sob o peito dele e jogou a perna sob o ele. Típica posição de casal apaixonado.
Eles descansavam ofegantes no silencio ensurdecedor daquele quarto vermelho de motel.
- Quem você vai ser hoje ?
- Hoje ? Hoje... Eu vou ser... Camila. É , hoje eu quero ser Camila. O que é que você acha?
- Eu acho ótimo. Embora eu prefira a Catarine de Terça passada.
Ela riu-se.
- Eu gosto de você sabia ? -Dizia ela enquanto passava a ponta dos dedos no peito nu dele, naquele peito meio malhado, meio forte, branco e meio juvenil, ela adorava o peito dele, com seu mamilo marrom claro e... Não importa, para ela eram bonitos e só.
- Eu não vou te ver mais não é? ?
- Claro que vai bebe!
Ela gostava de chamá-lo assim, talvez gostasse de lembrá-lo da diferença de idade. Oito anos, não é muita coisa, mas ela se quer sabia o que ele pensava sobre isso. Combinaram: "Sem perguntas!" desde o início, talvez fosse isso que tornava o sexo mais excitante para ambos.
Ela adormeceu, pela primeira vez ela adormeceu ao seu lado, ele sentiu nisso uma confiança incrível, a guarda estava baixa e isso o agradava, talvez por isso não quis acordá-la embora sentisse que devesse. Ele sentiu um aperto vendo-a dormir, ele a queria tanto e sabia que agora a perderia. Com o braço ele podia alcançar a carteira, os documentos, a identidade, o telefone. Ele deixou isso de lado, deixou ser como ela quisesse, era sempre assim mesmo, como ela queria, onde e na hora. Pra que se preocupar ? Ela não seria a primeira a ir embora. Ele se perdeu no tempo, olhando-a , desejando-a, deixou que se passassem 30 minutos, ela acordou, olhou o relógio, apressada se levantou e se vestiu.
-Você esteve ótimo hoje! Vou pensar em você a semana toda ta? Eu adoro realmente você ! - Disse isso com o coração lerdo e uma dor no sorriso, olhando em seus olhos. Beijou-o , deixou o dinheiro pra o motel e saiu.
Antes de ir para casa ela passou no supermercado, no caixa ao procurar no bolso o dinheiro, encontrou uma quantia a mais absurdamente inesperada, e um bilhete. Pagou a conta, correu para que pudesse ler o bilhete e foi o que fez assim que entrou no carro.

. “Carolina, Célia, Carine, Camila e quem sabe na Terça
. que vem Carla. Esse bilhete vai para todas as mulheres
. que ficaram comigo nessas ultimas Terças Feiras.
. Sinto que as perdi. E só queria que soubessem que aí
. está o dinheiro que esqueceram, o cavalheirismo ainda
. existe e como ditam as regras o homem paga a conta.
. Espero muito,e inutilmente, vê-las na próxima Terça-Feira.
. Beijos carinhosos e quentes.
. Eduardo (o de sempre)”

Como é que ele sabia ? Onde ela teria deixado transparecer que não voltaria? No beijo , no gozo, no suspiro, no sono, ou na declaração ? Não importava, estava passando da hora de aquilo acabar, estava passando a hora de ... Chegar em casa. E ela chegou. Meia hora mais atrasada, do que o atraso de sempre. Destrancou a porta, entrou e já foi logo escutando:
- Camila ?
- Sim. Você não sabe como o supermercado estava cheio hoje, Carlos! Você pegou a Cora na escola pra mim ? – Ela ainda estava na sala e ele no quarto.
-Claro que sim! Terça –feria! Dia de supermercado, não é amor ?
- É, é sim. Ainda bem que você se lembrou!

Disse ela encaminhando-se para o banheiro com o bobo, meigo, atraente e quem sabe o último:

Sorriso-de-Terça-Feira.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Guarda-Chuva.

Sabe, as vezes é difícil desapontar alguém.
É difícil ser alicerce daquelas sonhos todos e perceber que aquela construção toda, tudo tão lindo, quanto folhete de vendas de prédio inacabado, vai desmoronar.
E enquanto diz que as escolhas são minhas e a vida também eu vejo os teus olhos dizendo “Por favor deixe que eu te ajude a escolher o melhor pra você” e quando diz eu “Sempre terei orgulho de você”, seus olhos me dizem que eu te decepcionei agora mais do que nunca.
Eu sei que nada é fácil ! Pense bem, a vida é cruel, a vizinhança é cruel e o mundo é injusto, nada será, nem se quer seria, tão simples.
Eu vejo um mundo lilás agora e você aquele velho tom de morrom.
Mas é como você diz, com os olhos, mude o alvo, mas não pare de atirar, e sabe ainda tenho muita munição e o alvo está intacto. E sabe do que mais ? A caixa de primeiros socorros está cheia de curativos que ainda não precisei.
Então se você quiser sair comigo agora, e esquecer aquelas “ velhas opnioes formadas sob tudo”, eu te abrigo aqui.
Os curativos são muitos e caso nos machuquemos podemos cuidar um do outro como sempre foi.
Eu posso te abrigar debaixo do meu guarda-chuva agora!

"Now that it's raining more then ever
Know that we'll still have each other
You can stand under my Umbrella"
Rihanna

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Eu tenho que te dizer...

Eu tenho que te dizer que o tempo modificou os meus sonhos,
o meu amor, o meu coração, as minhas amizades.
Eu tenho que te dizer que eu deixei que o tempo
e a distancia esfriassem as minhas relações,
deixei que afastassem do meu peito as pessoas que amo
e confesso que não resisti, não lutei,
não as enfrentei com a mesma bravura,
a qual disse aquelas coisas pra você.
Mas se eu pudesse dizer alguma coisa agora eu diria: Queria a tua coragem.

Eu tenho que te dizer que escrevo coisas sobre você,
todos os dias, e te dizer que escrevo na esperança de que leias,
de que entendas e saiba que foi pra você.
Eu tenho que te dizer que às vezes me confundo,
me embaraço e faço tudo errado.
E que às vezes fujo, às vezes finjo,
às vezes me escondo na esperança de que
ninguém me ache para dizer que tudo ficara bem.
Mas se eu pudesse dizer alguma coisa agora eu diria: Que queria que estivesse aqui.

Eu tenho que te dizer que fui covarde e que estou sendo agora,
tentando me esconder do meu medo, das minhas vontades, das pessoas lá fora,
dos meus desejos e de você.
Tenho que te dizer que eu cheguei lá em cima,
vencendo o meu medo de cair e o de me jogar,
olhei a cidade toda, todas as luzes piscantes
e as que não se apagavam. E desejei voar,
senti o vento bater de leve e se fechar
os olhos agora você também pode sentir.
E se pudesse dizer alguma coisa agora eu diria: Feche os olhos e sinta.

Eu tenho que te dizer que eu me sinto sozinha,
na rua, na escola, no ônibus, nas festas, nos shows
e eu tenho que te dizer que eu encontro
mais companhia aqui dentro desse quarto,
trancada, que lá de fora ou em qualquer outro lugar
e te dizer que eu não sei mais se não
me sinto sozinha quando estou ao seu lado.
Não sei mais se o teu toque me agrada, me esquenta.
Mas se eu pudesse dizer algo eu diria: Não me deixe mesmo assim....