domingo, 22 de novembro de 2009

Sobre Existir Saudade

Então diz vai, que eu tenho prazer em ouvir. Supor é um campo muito vago pra mim, meu bem. Então diz, é tão simples, diz que sentiu falta, que sentiu falta das minhas unhas vermelhas cravadas nas suas costas, diz que sentiu falta dos suspiros que eu te fazia dar quando passava meus dedos de leve na sua nuca, ou quando passava pela casa só de calcinha indiferente às suas reações, ou que sentiu falta de quando eu roçava meu pé frio na sua perna durante a madrugada. Mas diz, diz porque eu preciso ouvir você dizer que sentiu falta das minhas gargalhadas cretinas nas horas mais impróprias, ou pelos seus tropeções, ou pelas suas palavras erradas. Diz que sentiu falta da minha mão subindo a sua perna por debaixo da mesa, deixo até dizer que sentiu saudade da sensação de caminhar de mãos dadas só pra reparar o olhar invejoso de quem observava você me segurando firme, como se eu pudesse escapar a qualquer momento, e eu podia. Pode dizer, diz que sentiu falta de eu corrigir como você come, como você bebe, como você anda, e se veste.
Diz que sentiu falta da minha mania idiota de te escrever recadinhos em guardanapos de sinuca, karaokê ou de um boteco qualquer, que ria sozinho ao se lembrar das minhas imitações dançantes na sala de estar em plena madrugada, que sentiu falta das minhas roupas espalhadas pela casa e dos meus cremes no banheiro. Diz que sentiu falta do meu cheiro e cheirou todos os dias aquela peça de roupa que eu esqueci em sua casa, mesmo sabendo que ela perdeu o meu cheiro depois da segunda semana. Diz que me imaginou rindo de cada piada nova que você aprendia, me desejou em cada lugar que conhecia e me lembrou em cada lugar que freqüentávamos. Que sentiu falta do meu beijo, do meu toque, do conjunto sacana de olhar e sorrir insinuosamente.
Diz, por favor que sentiu falta de alguém pra chamar de minha namorada, diz que sentiu saudade de me olhar de cima à baixo, de lado e do avesso, diz que sentiu saudade de ficar a sós comigo, naquela cama apertada, de adormecer nos meus braços enquanto eu te fazia carinho, diz, que sentiu saudade de chegar quase amanhecendo em casa porque eu ocupava você até tarde, diz que sou a sua mulher, a única, a primeira, diz que sentiu saudade de acender meus cigarros e de sentiu meu gosto nele, diz que sentiu falta do meu gosto mais íntimo na sua boa, diz que sentiu falta do meu cheiro e do meu cabelo e do meu toque, diz que eu faço uma falta absurda na sua vida e que sem mim ela desanda.
Então diz, por favor, diz. É que amor deixa saudade e se não tem saudade você sabe.. não existe mais amor.


Obs: Aceito sujestões, críticas e elogios. [ Bom, na verdade, ultimamente, necessito deles. ] Então, fiquem a vontade.