segunda-feira, 3 de março de 2008

Sobre Indecisão.

Ela estava muda esta noite. Justo essa noite, a qual ela tinha esperado tanto, pra poder dizer, gritar, soar, chorar todas as decepções gota a gota até expeli-las totalmente. Ela aguentara por tanto tempo esse engasgamento. Tanto, que agora isso a deixara muda, sem voz. Todas aquelas decepções e problemas acumulados, agora não saiam, pelo nó na garganta. E cada vez que ele lhe pedia respostas (que ela não podia dar agora) uma dor no peito apertava ainda mais o nó na garganta.
- Será que você pode desculpar as coisas que eu fiz?
“O que? Todas as vezes que fez sentir culpada sem ao menos ter feito nada? Todas as vezes que amei sozinha, sofri sozinha, chorei sozinha? Se você assumisse suas culpas até seria mais fácil.” Ela pensou, mas não o disse. E murmurou.
- Eu não sei se consigo! Não sei se consigo de novo.
- Eu amo você.
Aquela frase era tão sincera como nunca teria sido talvez por isso doesse, e doía, ah. como doía. Ela sentia uma dor a cada vez que ele pedia pra voltar, a cada vez que ela pensava que não, a cada vez que ele pedia perdão, a cada som, tom, letras e frases de toda aquela declaração. Era tanta dor que ela sinceramente queria dizer que não, que ela ficou com medo de ser um sinal, de ser pra sempre assim, essas dores, essas cores, essa repetição. Era como se ele soubesse enfraquecê-la, ela estava fraca por tentar resistir, por tentar controlar, por tentar entender toda aquela dor. O “eu te amo” dele agora era um peso, que ela teria de carregar estando ou não com ele. Não era prazeroso ouvir nem sentir, era doloroso.
Por tantos dias teria esperado pra poder dizer tudo o que queria o que tinha vontade e o que era apenas frases de efeito que ela teria planejado. Nada, não saia nada.
Ela sabia o que fazer como fazer, e à hora de se fazer. E dizia coisas tão sinceras que a ela só restavam as possíveis mentiras. Era como se ele soubesse enfraquece-la. E de tão fraca ela disse mesmo que sim, tendo a certeza de um não.

5 comentários:

Kaká disse...

"E de tão fraca ela disse mesmo que sim, tendo a certeza de um não."

=S

Ameii seu texto...
por todos os motivos que vc sabe
e que eu jah neim preciso mais dizer!

=*
te amo

Anônimo disse...

Parabens pelo blog.

Anônimo disse...

Haja coração, hein?
Adorei, de verdade.
E se for autobriográfico, força na peruca, amiga. Não sei se te consola, mas quando tá tudo uma merda eu tento pensar que sempre há um lado bom, sempre. E ajuda.
;*

Anônimo disse...

Ajuda, por mais piegas que isso pareça.

Lu Morena disse...

Esse texto tem trilha sonora das antigas:

"Eu, cada vez que vi você chegar
Me fazer sorrir e me deixar
Decidido eu disse nunca mais
Mas, novamente estúpido provei
Desse doce amargo quando eu sei
Cada volta sua o que me faz
Vi todo o meu orgulho em sua mão
Deslizar, se espatifar no chão
Vi o meu amor tratado assim
Mas, basta agora o que você me fez
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais pra mim
Mais uma vez aqui
Olhando as cicatrizes desse amor
Eu vou ficar aqui
E sei que vou chorar a mesma dor
Agora eu tenho que saber
O que é viver sem você
Eu, toda a vez que vi você voltar
Eu pensei que fosse pra ficar
E mais uma vez falei que sim
Mas, já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim
Mais uma vez aqui
Olhando as cicatrizes desse amor
Eu vou ficar aqui
E sei que vou chorar a mesma dor
Se você me perguntar se ainda é seu
Todo o meu amor, eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim..."
(Do Fundo do Meu Coração, do Roberto Carlos)

Vc é ótima!
Bjins