domingo, 18 de novembro de 2007

O telefone tocou, " caramba, quem é o idiota que se presta a ligar pra
alguém as tres da manha ? " disse ele olhando para o rádio relógio
em cima do criado mudo que ficava a beira de sua
cama-de-casal-com-espaço-mal-ultilizado, assim ele mesmo se referia a
ela após ter se acostumado com o que diziam seus amigos da pelada.

-Alô.
.Oi
-Oi.

Ele reconheceu a doce voz dela, aquela voz que o acordara infinitas
vezes acompanhada de beijos no ouvido e caricias arrepiantes.
Putz, era Sábado. DIa de sair com o novo namorado dela,
" ela deve ter ganhado um bolo dele, isso sim. aff mas que despeito...
eu estou aki em casa e não ganhei um bolo da novanamorada"
pensava ele em fração de segundos.

.Eu te acordei ?
- É... acordou sim.

Disse ele calmamente, meio não querendo assumir os fatos.
A voz dele estava ainda mais grossa
que de costume, ele até queria fingir
que acabara de chegar da rua, mas ela
conhecia akela molesa seca da voz dele
de quando ele acordava.

-Onde você tá ? Tá muito barulho ai.

Ele na verdade não queria saber onde ela estava ,
sabia que era questao de segundos pra ela contar a
história trágica da noite e dizer porque lembrou dele,
mas precisava se mostrar interessado na história dela
pra que ela pudesse ter uma deixa de contar tudo.

.Eu to no carro,naquele que você vomitou um dia
e a gente teve que parar pra lavar de madrugada
antes de entregar pro meu pai.

Os dois riram do comentário dela
e a conversa deles utimamente estava
asssim, como que vivessem em nostalgia,
a conversa deles quase não existia no presente,
era sempre no passado.

-Bah, mas não precisa me lembrar disso vai,
que que ce tá fazendo dentro desse carro ?

.Esperando o Carlos pra me levar pra casa,
eu não to muito bem e ele fechando a conta no bar,
despedindo dos amigos, indo no banheiro.

-Deixa eu adivinhar ? VOcê bebeu demais ?

.Não foi demais, mas você sabe que eu sou fraca
com bebida...VOcê não saiu hoje ?

DAli a pouco ela iria perguntar do namoro
dele, e disso ele sabia, ela fazia sempre a mesma
coisa, depois de ouvir alguma historia deles, ou
a história da noite deles ( que ela mesmo perguntara )
ela iria mudar a voz, iria ficar triste, quem sabe dessa
vez ela desligasse antes dele perceber ela chorando ?
Ele sempre tentava evitar essas situações, mas não seria mais
fácil se ele pelo menos não a atendesse ?
No fundo eles sentiam que precisavam um do outro,
talvez pra sentirem que foram importantes um pro outro,
pra eles terem a sensação de que conseguiram fazer um ao outro feliz
e a quem não agrada a sensação de ter deixado saudades ?
Só que nisso tudo era ela quem se sujeitava a situações não tão agradáveis,
ele só ouvia, concordava, e de vez enquando falava eu também.

- Não, hoje eu nem quis sair, fikei em casa, assistindo o filme da TV.
.Mas pra quem namora Sábado é sagrado não é, cadê a sua namorada ?
- Ela foi jantar na casa dos pais, eu não quis ir hoje.
.Mas já está recusando convite de sogra ?
- Hoje eu estava mesmo cansado e sem saco pra festinhas de família.

Um silêncio enorme baixou entre os dois, ele quis desligar.
Haaaa, tudo era tão repetitivo, tudo era tão artificial nessas ligações já.
Ele podia escrever um script, um conto talvez, sobre essas ligações dela
no meio da madrugada, que sempre seria igual ao seu conto,
era tudo muito igual, tudo igual.
Ele queria evitar que dessa vez ela falasse demais,
hoje ela estava realmente tonta, portanto mais sentimental,
mais sensível,mais sincera.

.Você sente minha falta Paulo ?
-Sinto Gabi, sinto muito sua falta.
.Ela te faz sentir melhor do que eu fazia ?
- Não. Com você eu me sentia mais seguro, eu me sentia o homem-que-pode-tudo.

Ele não sabia se era certo dizer aquelas coisa,
mas que mal podia fazer. ela era sempre tão sincera,
porque ele não podia ser também? Ele achava que não podia
mentir e ele nunca mentiu pra ela. Só aquelas vezes
que ele viu o telefone tocar, mas depois disse a ela que estava dormindo,
só aquelas vezes em que ele que ele disse estar cansado só pra poder
assistir o jogo de futebol em casa. São mentiras do mesmo modo,
talvez menos pesadas e mais mal intesionadas que dizer que ela
não fazia falta momento algum pra ele.

.EU sinto sua falta Paulo, eu sinto falta da sua casa,
da sua cama, do seu cheiro, de dormir com você,
eu sinto falta das nossas conversar ...
-Eu também sinto muito a sua falta Gabi.
.Você gosta dela ? O sexo é melhor com ela ?

Ele realmente não queria responder esse tipo de pergunta,
parecia pergunta de homem, e na verdade ele queria saber a
mesma coisa, mas ele não queria perguntar, e não iria,
nunca, porque o revelaria instável, com medo,inseguro.
Essas perguntas sempre o davam um aperto no coração,
como ele deixou ela ir tão longe, perguntar de sexo, não...

-Gabi não faz assim, você terminou comigo, disse que seria
melhor pra você, então não pergunte coisas que na verdade
você não quer ouvir as respostas...

DEpois disso eles se calaram.
Dois minutos de silencio. Silencio não, ele podia ouvir
o barulho de cada lágrima que caia, os soluços.
E depois ouviu uma conversa...

" Ta tudo bem ? Está, está sim. Você sabe como é tonto. "
ela voltou ao telefone e disse:

.REnatinha amanha eu te ligo e conto o que a gente fez hoje.
-TUdo bem. Melhoras.

O tal de Carlos levou Gabriela pra casa,
a pos na cama,cuidou dela durante a noite toda,
aguentou os vomitos e tudo mais.
No dia seguinte antes de ir embora,
ele a acordou, disse um simpático bom dia
com akele sorriso encantador
e disse ao ouvido dela

- Gabi eu amo você, me liga hoje
a tarde se ainda quiser ficar comigo...
Haa mais um coisa, ontem a Renatinha,
aquela do telefone,
tava lá no bar jogando sinuca
enquanto eu fechava a conta.

2 comentários:

Kaká disse...

Adoreii o final, especialmente, o final!
E ah... fases e fases!
Quem sabe como serah essa nova?
De kaká dando uma de boba apaixonada?
=PP
Bleh!

=*

O Profeta disse...

É um encanto o teu espaço...


Beijinho