domingo, 31 de janeiro de 2010

Sobre Fim de Ano

Postando um pouco atrasada esse texto que essa pra ser postado no fim do ano.


_Escrevo aqui com o coração latejando, porque hoje é domingo, o dia mais deprimente do calendário. E hoje é domingo véspera de festas de fim de ano, a época mais triste do calendário. Hoje é domingo de chuva, de frio, domingo cinza, daqueles domingos em que você aluga um filme e vai pra debaixo do cobertor assistir com alguém. Que seja sua melhor amiga, que seja o namorado ou a família toda que se amontoa, na sala apertada, nos colchões jogados no chão. Hoje é domingo de alguém e eu sem ninguém.
_Eu sem ninguém, escrevendo cartas pra um amor ausente, pra um parente distante, pra um amigo fora, pra desejar boas festas, pra pedir presente pro papai-noel. Eu podia escrever pra você, mas não quero, porque acho que você tinha obrigação de estar aqui. E como eu queria o seu colo agora.
_Sabe, dói demais crescer, dói demais todas essas tentativas de ficar adulto, ficar bem, ficar duro, deixar de acreditar. Dói demais deixar de ser criança. As crianças não têm receio de ser o que são. E eu com tanto receio de ser o que sou, de me mostrar como sou, com tanta vontade de esconder os meus medos e fraquezas, pra que não possam me ferir com mira certeira, escondo que eu preciso de colo mais do que eu já precisei, se me lembro bem.
_Eu acho que não tenho pra quem ligar e todas as pessoas que eu queria ou estão ausentes ou estão tão felizes que eu não me atrevo a ligar ou aparecer tão doída e afetada. A gente acha que é difícil conseguir a liberdade, a independência, mas mais difícil ainda é sustentar essa independência... Quantas vezes já quis ligar pra casa e dizer que eu fracassei, que não estou feliz aqui, que quero voltar o quanto antes... Ou aparecer na porta de casa com as malas e lágrimas enquanto minha mãe abre a porta assustada e feliz, mas morrendo de pena de mim, e eu querendo que ela me bote na cama pra eu chorar no colo dela enquanto ela diz que a vida costuma maltratar os que tem coragem de enfrentá-la, diz pra me consolar.
_Mas só volto quando eu não suportar mais, e isso esta tão perto... Parece que vai ser amanhã, se não amanhecer uma segunda de sol.
_Eu queria correr pra você agora, ganhar beijos intermináveis, até que os olhos mudassem de cor, ganhar o abraço mais apertado e aconchegante do mundo, sentir o seu cheiro de pôr-do-sol e banho de chuva, sentir sua respiração quente no meu pescoço, nuca e virilha, tomar chocolate quente com conhaque antes de dormir sentindo outro corpo quente junto do meu corpo há muito tempo frio... E sentir repousarem meus medos e preocupações, minhas ansiedades e meus problemas e mais ainda sentir repousar meu coração. Mas não posso ir a lugar nenhum, preciso ficar aqui, enfrentando meus demônios um a um, todos os dias.
_Esperando que o amanhã venha sempre com um sol estalado, que a próxima visita venha sempre com um abraço, que a próxima música seja sempre dançante, que o próximo terremoto não seja aquele que vai fazer a minha construção desabar. Porque dói ter medo, dói ter coragem, dói ter vontades que não podem ser saciadas, e mais ainda, dói sentir toda vida que há dentro de mim quando o meu coração teima em latejar tão doído, como lateja em domingos frios e cinzas de alguém.


Obs: Sem observações por hoje.

15 comentários:

J.E. disse...

Sabe, dói demais crescer, dói demais todas essas tentativas de ficar adulto, ficar bem, ficar duro, deixar de acreditar. Dói demais deixar de ser criança. As crianças não têm receio de ser o que são. E eu com tanto receio de ser o que sou, de me mostrar como sou, com tanta vontade de esconder os meus medos e fraquezas, pra que não possam me ferir com mira certeira, escondo que eu preciso de colo mais do que eu já precisei, se me lembro bem.


Você consegue dizer coisas que eu gostaria de ter dito, mas não sabia bem onde as palavras se escondiam

Chances disse...

Eu senti a dor. De cada momento, de cada ida e vinda, de cada paixao mal resolvida, de cada abraço q nao recebi, quando eu mais precisava de braços em volta de mim.

Carolina Cadima disse...

Essas tardes cinzentas e vazias são sempre tão dolorosas...

Vem assistir filme comigo, quando vc se sentir triste, não terei problemas em dividir meu cobertor e minhas risadas com você.

Te amo, minha amiga tão linda!:)

Carolina Cadima disse...

P.S.: Tem post novo lá.;)

Sandra Timm disse...

Você sabe o quanto eu gosto da emoção, da dor exposta que você sabe, como ninguém, transmitir com uma clareza e verdade tão grandes que nos faz pensar nas vezes em que essas coisas aconteceram conosco.

Torço sempre por você. Que haja um retorno para os seus braços cansados e que você seja muito feliz.

Beijo

Anônimo disse...

Olá, antes de mais nada, parabéns pelo blog!
E por acha-lo de muito bom gosto é que o/a convido a vir conhecer a proposta do meu Blog para você.

Aguado sua visita!

Forte abraço!

Karina

Anônimo disse...

Muito lindo e triste teu texto!Realmente a dor do crescimento é muito grande e vc conseguiu expressar muito bem em sua prosa!Adorei conhecer teu blog!Bjs,

Nina vieira disse...

Mas é assim, dor latejante de quando precisamos aprender a evoluir.
Minha amiga, estás tao sumida! Por onde andas?

Daniela Filipini disse...

Acredite que é possivel e supere essa fase, já faz algum tempo que você escreveu isso, certo? Espero que agora se sinta melhor! =)

Nicole Freixo disse...

ah que lindo *-*
saudades de ler seus textos rs.

Carol disse...

Adori seu blog...realmente crescer é difícil, deixar amizades pra tras tbm...eu sinto tanta saudade e não posso fazer nada, afinal, nós crescemos, nós mudamos, somos praticamente outra pessoa, mas as lembranças são as mesmas...são boas as lembranças, nunca irei me esquecer das nossas bagunças...queria saber como vc tá, o que vc anda fazendo...enfim...vc sumiu...enfim...tudo deixa saudades!!! Abraços!

Xuxudrops disse...

Mas só volto quando eu não suportar mais, e isso esta tão perto... Parece que vai ser amanhã, se não amanhecer uma segunda de sol.

E a cada dia que passa, a cada post, a cada sentimento, você escreve mais e melhor.E é assim que eu te vejo crescer.Crescer mais e ser maior que tudo.

Eduardo Humberto disse...

Adri...
Valew pelo seu comentário...!
Eu queria a sua opinião sobre uns poemas que escrevi recentemente... são os últimos que postei, dá uma olhada e depois me fala. Sua opinião é importante e confiável.

Beijão.
=]

Lili Tormin disse...

Me lembrei de dias assim no seu sofá, assistindo Amelie e chorando calada.
Um desabafo digno de me marejar os olhos.

Tiago de Paula disse...

é um sentimento que foi ficado distante com o tempo: crescer.
depois virou simplesmente as mudanças que acontecem, sem escolha, da vida.
ou com escolha da nossa burrice.

sei lá.

vale a pena.