sábado, 30 de maio de 2009
Sobre Carne e Espírito.
E escrever era a única saída, a válvula de escape, o motor que impulsionava. Não podia pirar, não podia passar dos limites da compreensão alheia, por isso ficava naquela margem que compreendia ainda o limite seguro da sanidade para ela, pensava que se pudesse ser ainda compreendida pelos tantos, manteria a cabeça no lugar, mas às vezes chegava um ponto de ela não se entender. Não podia exagerar e era só o que fazia, ficava cada vez mais amarga com essa obsessão de amar de verdade, ficava cada vez mais sozinha em exigir mais de quem não podia dar mais.
“Você sabe separar o carnal do espiritual? Cara, eu já te dei tudo, o que mais você quer? O meu espiritual é todo seu. [“vísceras, pulmão e coração” era idéia fixa dela sobre o amor...] não dá você entende? No estado em que estamos não dá, você no Chile eu no México, eu trabalho você trabalha eu estudo você estuda, como é que te dou minhas vísceras? Nãoo, não é por aí, não é olhando o amor dos outros que você vai construir um seu, não meu bem inveja é uma coisa muito amarga, não te falaram? Tipo ideal não é um modelo à ser seguido, é só um modelo para ser comparado, não seja boba a socióloga aqui é você, você entende de Weber, não é? Vamos, não era você que queria viver um relacionamento aberto? Eu nem aceitei, conheço você, mas não posso te dar mais do que isso. É esse bendito Caio Fernando que me irrita em você, é essa bendita Clarice Lispector de você que eu odeio, eles eram infelizes, você não entende? Você não quer ser feliz amor? Eu te faço feliz, eu juro tentar. Mas você tem que parar de querer sofrer, tem que parar de encontrar em cada coisa que não faço um motivo pra chorar, você tem que parar de procurar defeitos em mim. Defeitos eu tenho aos montes você não vai parar de achá-los, escuta, você é a única que deveria ver em mim mais qualidades que defeitos, você pode me aceitar como eu sou? Você pode parar de me dizer como eu devo ser? Estou cansado de nunca estar apto pra você, pro seu jeito, pro seu amor primaveril. As coisas não são tão fáceis querida, você precisa perceber o que realmente importa e parar de se apegar em coisas pequenas, olha, minha cabeça dói.”
Era quem tinha que entender e não se entendiam, não falavam a mesma língua. Em compensação os corpos quando se encontravam pareciam nativos da mesma localização, algo como sodomaegomorra, nasceram juntos, paixão de vizinhos, sabe como é? Não conseguiam trocar uma palavra sem se ferirem, mas também não conseguiam dormir uma só noite virados para a parede, sexo e abandono do corpo do outro, em cima um do outro.
E ainda perguntavam pra ela se ela sabia separar carnal do espiritual! Essa era a única diferença que ela conhecia, o resto era conseqüência.
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18 comentários:
existem sentimentos...pessoas...lugares...
que não teriam sentido sem a existência de outros fatores.
ah. realmente, somos humanas...
beijos.
Passa tanta coisa pela minha cabeça enquanto te estou a ler.....
Adoro.
Beijo
O amor é espiritual e a paixão carnal.Mas será possível que andem separados?
Quem diz são os amantes.
Votei em vc no TopBlog!
To concorrendo no Consumindo Direito tb! 0/
Beijooo!
A parte que diz que ela gosta de sofrer.. sabe, às vezes eu me pergunto exatamente isso.. será que, às vezes, nós mesmos não nos sabotamos? Gostei mto dessa parte, questionando o que eu mesma me pergunto tantas vezes ;)
Relacionamentos...as vezes seria melhor não tê-los...mas daí a gente viraria alguma coisa que não humana!
Deve ser sina...Deus deve ter dito: Desce, sofre muito, se confunda, erre, que daí você vai estar pronto pra ser alguma coisa que não uma pedra ou uma árvore!Daí fazemos tudo que ele pede...na maior boa vontade... Mas eu não O culpo...porque é graças a ele que eu posso...toda vez que venho aqui, preencher minha alma com seus textos!
Beijão!
O blog tá atualizado, vai lá fazer uma visista!
Amo você!
muito obrigado pela visita xD
Vou ser assíduo neste blogue! mt bom ;)
simplismente encantador teu texto *-*
"É esse bendito Caio Fernando que me irrita em você, é essa bendita Clarice Lispector de você que eu odeio, eles eram infelizes, você não entende? Você não quer ser feliz amor? Eu te faço feliz, eu juro tentar. Mas você tem que parar de querer sofrer, tem que parar de encontrar em cada coisa que não faço um motivo pra chorar, você tem que parar de procurar defeitos em mim. Defeitos eu tenho aos montes você não vai parar de achá-los, escuta, você é a única que deveria ver em mim mais qualidades que defeitos, você pode me aceitar como eu sou? Você pode parar de me dizer como eu devo ser? Estou cansado de nunca estar apto pra você, pro seu jeito, pro seu amor primaveril. As coisas não são tão fáceis querida, você precisa perceber o que realmente importa e parar de se apegar em coisas pequenas, olha, minha cabeça dói.”
Meu Deus Adrielly, você, apesar do contraponto, nunca foi tão Caio e Clarice num mesmo texto. Essa sua capacidade de dizer o que é incômodo, ainda é o que mais me atrai em seus textos, assim como também o é em Caio e Clarice. Você sabe que isso foi um grande elogio.
Me senti ridiculo ao me identificar em algumas partes, mas, poesia é, principalmente(para mim, pelo menos) pra isso mesmo. Sou um apreciador do seu enorme talento.
Voltei a vida intelectual depois de um longo e tenebroso inverno de trabalho e estudo. Retornei com um poema para ser apedrejado. É engraçado que enquanto eu postava, lembrei de mulheres como vc,exatamente por serem o oposto da mulher que eu escrevo no texto: uma anti- Adrielly, sem coragem de romper, estática pelo formol do conforto e do comportamento adequado.
É claro que a sua critica é uma das especialmente esperadas.
Redundatemente,
Parabéns pelo texto mais uma vez avassalador.
Grande bjo
ai, como eu senti falta.
o texto ficou uma delicadeza, o carnal sempre atormenta um bocado, hum?! e parece que carne e espírito insistem em não se casar, pra mim.
=]
bjos
Adorei seu blog querida! obrigada por passar nu meu e concordo com o q tu deixou lá para mim!
beijos
Aih pq sempre rodamus rodamus e paramus sempre nesse assunto: amor!
Excelente este teu texto!!!!Adorei jinhos
Escrever é como v´lvula de escape. Nao tinha pensado nessa verdade.
Bjos.
"E escrever era a única saída, a válvula de escape, o motor que impulsionava. "
exato, e perdi até isso, mas pretendo ir atrás e pegar de volta
beijao
Amore, tem selo pra ti no blog
Beijo!
Amo vc
E escrever era a única saída, a válvula de escape, o motor que impulsionava. Não podia pirar, não podia passar dos limites da compreensão alheia, por isso ficava naquela margem que compreendia ainda o limite seguro da sanidade para ela, pensava que se pudesse ser ainda compreendida pelos tantos, manteria a cabeça no lugar, mas às vezes chegava um ponto de ela não se entender. Não podia exagerar e era só o que fazia, ficava cada vez mais amarga com essa obsessão de amar de verdade, ficava cada vez mais sozinha em exigir mais de quem não podia dar mais.
Simplesmente perfeita essa primeira parte...estou realmente me sentindo sozinha porque exigo muito mais do que podem me oferecer.
Todo teu texto me fez pensar muito e eu concluí em minhas divagações que, enquanto não souber-mos diferenciar carne de espirito, ou seja razão e emoção nunca saberemos o q é o amor.
te acompanharei... :*
primeira vez que passo por aqui e aodrei o blog.
vc escreve muito bem!
Perfeito. Não que isso seja alguma novidade.
Eu sempre identifico nos seus textos, a mim ou aos meus pensamentos ou aos sentimentos mais bem guardados, instintos. Sei lá.
Tb votei em vc no topblog.
Ah, selinho pra vc no meu blog, finalmente.
Bjins!
Primeira vez que passo pelo seu blog.
Adorei ler seu texto.
É incrível como tendo alguém tão nosso, agente acabe por meter os pés pelas mãos. As vezes temos tanto pra dizer, mas só o que conseguimos fazer é achar defeitos, é pensar no que nos falta, ao invés de agradecer pelo que temos.
Bem, essa é a natureza humana, assim temos tendência de funcionar, mas, claro, nada pode ser visto como imutável, porque não é...
Enfim, parabéns pelo blog.
Beijos enormes
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