domingo, 16 de dezembro de 2007

Texto em Parceria.

Era Sexta-Feira.
E, acima de tudo, era um dia melancólico.
Ela estava em um canto estratégico da sala, donde ela podia ver tudo, menos o corredor,podia ver a cozinha, a porta da sala, a TV... estava sentada na cadeira que era dela.Aliás tudo naquela casa era dela, tudo tão dela, tudo só dela, que às vezes ela seria capaz de propor uma sociedade.Mas não na Sexta-feira, não hoje. Hoje ela queria gozar daquele vazio ensurdecedor.Conversas não eram necessárias, tampouco seriam as palavras de consolo. Hoje ela sentia-se capaz de escrever um livro de auto-ajuda, ou um livro de auto-flagelação, auto-destruição.

Na vitrola um Blues. Na boca um vinho, tinto, doce, que agora descia tão seco e tão saboroso.E pensava: o que será que os músicos sentiam ao escrever um Blues? Mas isso não importava pra ela,ela não queria pensar, queria sentir, sentir o Blues e toda a tormenta de sentimentos que ele a fazia sentir. E ela se sentia bem hoje, se sentia tão intensa... O Blues era apenas mais um pouco de melancolia ao seu dia já melancólico.

Se ele ligasse ela inventaria uma desculpa qualquer...TPM, Cólica ou a famosa dor de cabeça, mas e se ele aparecesse ?? E foi o que ele fez, interfonou e pediu pra subir... Ahh... ela queria tanto ficar sozinha, mas queria tanto que ele subisse. Se ele perguntasse, ela explicaria que o telefone acabou a bateria e não teve coragem de procurar o carregador, ela explicaria que estava tão fora de si que esqueceu que tinha um telefone residencial,ela explicaria que aquele copo de vinho na mão dela era porque os médicos dizem que um pouco de vinho faz bem pra saúde, mas como explicar que já não tem mais metade da garrafa ??

Ela destrancou a porta e continuou em sua cadeira só esperando que ele entrasse...
E ele entrou, tímido, calado, quieto, tão diferente do de costume, e, pra sua surpresa, sem perguntas... Ele fechou a porta e se escorou, ela se levantou, trocou o copo de vinho pela garrafa, chegou perto dele, desligou a luz e o abraçou...

Pra que se explicar, se ela podia faze-lo sentir, se ela podia com o toque de suas mãos mostrar os sentimentos dela e deixar que dessa vez ele a entendesse melhor do que nunca? Ela pegou outro vinho na geladeira, deu pra ele o vinho já pela metade, abriu a nova garrafa e o levou pra ver as estrelas na sacada, sentados no chão, com o cobertor cobrindo as pernas, com ela escorada no corpo quente dele, B.B.King tocando ao fundo, as estrelas no céu limpo e negro.

O silêncio era profundo e totalmente compreensível, pela primeira vez ela não entendeu a existência das palavras. Toda aquela troca de sentimentos era tão mais profundo e ela jamais poderia explicar. E estava tudo tão completo agora.Tão sereno e calmo... os sentimentos, o céu, o tempo e, até mesmo, as confusões, as dúvidas e as latências.
Um pouco de blues e nada mais.

Obs: Texto ; Adrielly Soares e Raíza Moraes
( http://oinsanoeosutil.blogspot.com/ )

Obs2: Nunca pensei que escreveria algo em parceria. x)

3 comentários:

Kaká disse...

Uma idéia,
uma sexta,
uma amiga e,
claro, um Blues.

Adorei a parceria do texto.
Assim como adoro a parceria da nossa amizadee!
=D

=*

O Profeta disse...

Para ti que me visitaste
Ao longo destes poucos meses
Ofereço-te uma prenda singela
Uma estrela de mil cores

Roubei-a ao firmamento
Deposito-a na tua mão
Para que neste Natal
Te ilumine o coração

Um Santo e Mágico Natal


Doce beijo

Lu Morena disse...

Blues, vinho, silêncios... esses três sempre funcionam bem juntos! E, pelo visto, sua parceria também!
Mto bom!
Bjins!