Entre os gemidos dela mal se podia ouvir a respiração dele, que por sinal ficava cada vez mais ofegante. Naquela posição, naquele encaixe, ele sentado e ela sob ele a enlaçá-lo , ele podia olhar bem para ela, enquanto ela queria mesmo era não olhá-lo, ela entrelaçava os dedos no emaranhado de cabelos negros e curtos, e o puxava , ficava com a boca ao seu ouvido. Talvez ela quisesse ouvi-lo, talvez quisesse se fazer ouvida, talvez só não quisesse o encarar. Quando ela se esquecia, ele a olhava. Dali, podia ver cada gosta de suor que escorria do seu rosto, podia ver as bochechas coradas do calor, da excitação, podia ver a doçura nos olhos dela e isso o deixava mais excitado. A sua forma de fazer amor talvez fosse o que ele mais gostasse, isso , depois de todo o mistério que a envolvia.
Apesar de poucas as vezes, essa era a quarta, ele já sabia interpretar todos os sinais que o corpo dela lhe dava. Os gemidos dela diminuíram, ele trocou de posição, deitou-se em cima dela. Ela gostava dessa posição, gostava de sentir o corpo dele em cima do seu, o encaixe do quadril, os ossos.
Estava perto, ela falhava a respiração, segurava-a. Soltava rápido e enchia os pulmões de ar. Ele já havia parado de contar até dez, já havia parado de tentar se controlar. Com as unhas dela cravadas nas costas dele, ele sabia assim que gozaria junto com ela e acelerou o ritmo então. E sentia o encaixe que lhe parecia perfeito. Ela gemia mais alto agora e ele quase não respirava. Ele sentia o sexo dela apertar o dele e ele sabia agora que já podia gozar.
Depois de toda a transa que tiveram, para ambos muito satisfatória, ele se deitou, era a vez dele sentir o corpo dela sob o seu, ou pelo menos parte dele, ela deitou sob o peito dele e jogou a perna sob o ele. Típica posição de casal apaixonado.
Eles descansavam ofegantes no silencio ensurdecedor daquele quarto vermelho de motel.
- Quem você vai ser hoje ?
- Hoje ? Hoje... Eu vou ser... Camila. É , hoje eu quero ser Camila. O que é que você acha?
- Eu acho ótimo. Embora eu prefira a Catarine de Terça passada.
Ela riu-se.
- Eu gosto de você sabia ? -Dizia ela enquanto passava a ponta dos dedos no peito nu dele, naquele peito meio malhado, meio forte, branco e meio juvenil, ela adorava o peito dele, com seu mamilo marrom claro e... Não importa, para ela eram bonitos e só.
- Eu não vou te ver mais não é? ?
- Claro que vai bebe!
Ela gostava de chamá-lo assim, talvez gostasse de lembrá-lo da diferença de idade. Oito anos, não é muita coisa, mas ela se quer sabia o que ele pensava sobre isso. Combinaram: "Sem perguntas!" desde o início, talvez fosse isso que tornava o sexo mais excitante para ambos.
Ela adormeceu, pela primeira vez ela adormeceu ao seu lado, ele sentiu nisso uma confiança incrível, a guarda estava baixa e isso o agradava, talvez por isso não quis acordá-la embora sentisse que devesse. Ele sentiu um aperto vendo-a dormir, ele a queria tanto e sabia que agora a perderia. Com o braço ele podia alcançar a carteira, os documentos, a identidade, o telefone. Ele deixou isso de lado, deixou ser como ela quisesse, era sempre assim mesmo, como ela queria, onde e na hora. Pra que se preocupar ? Ela não seria a primeira a ir embora. Ele se perdeu no tempo, olhando-a , desejando-a, deixou que se passassem 30 minutos, ela acordou, olhou o relógio, apressada se levantou e se vestiu.
-Você esteve ótimo hoje! Vou pensar em você a semana toda ta? Eu adoro realmente você ! - Disse isso com o coração lerdo e uma dor no sorriso, olhando em seus olhos. Beijou-o , deixou o dinheiro pra o motel e saiu.
Antes de ir para casa ela passou no supermercado, no caixa ao procurar no bolso o dinheiro, encontrou uma quantia a mais absurdamente inesperada, e um bilhete. Pagou a conta, correu para que pudesse ler o bilhete e foi o que fez assim que entrou no carro.
. “Carolina, Célia, Carine, Camila e quem sabe na Terça
. que vem Carla. Esse bilhete vai para todas as mulheres
. que ficaram comigo nessas ultimas Terças Feiras.
. Sinto que as perdi. E só queria que soubessem que aí
. está o dinheiro que esqueceram, o cavalheirismo ainda
. existe e como ditam as regras o homem paga a conta.
. Espero muito,e inutilmente, vê-las na próxima Terça-Feira.
. Beijos carinhosos e quentes.
. Eduardo (o de sempre)”
Como é que ele sabia ? Onde ela teria deixado transparecer que não voltaria? No beijo , no gozo, no suspiro, no sono, ou na declaração ? Não importava, estava passando da hora de aquilo acabar, estava passando a hora de ... Chegar em casa. E ela chegou. Meia hora mais atrasada, do que o atraso de sempre. Destrancou a porta, entrou e já foi logo escutando:
- Camila ?
- Sim. Você não sabe como o supermercado estava cheio hoje, Carlos! Você pegou a Cora na escola pra mim ? – Ela ainda estava na sala e ele no quarto.
-Claro que sim! Terça –feria! Dia de supermercado, não é amor ?
- É, é sim. Ainda bem que você se lembrou!
Disse ela encaminhando-se para o banheiro com o bobo, meigo, atraente e quem sabe o último:
Sorriso-de-Terça-Feira.
4 comentários:
Tens escrito cada vez melhor. Cada vez mais detalhado, psicológico, por assim dizer, e ricamente. Além de como pessoa, como amiga, como mulher, te admiro também como escritora, sabe... tudo isso é muito sincero. Mais uns rascunhos e terás um belo livro de contos. Acho legal inspiração. Coisinha curiosa não é? Pode surgir do nada, ou não. Por esse "ou não" entenda que é quando você escreve sobre coisas que realmente viveu, e não simplesmente criou.
=]
Adeline, Adelaide, Drilly, Adrielly ou qualquer uma delas que são pra mim a mesma coisa que a Carolina, Célia, Carine, Camila...
As coisas que vc escreve são realmetnte de uma sutileza muito incrivel! Isso me faz lembrar de contos da Clarice...
Espero imensamente, no futuro, em um dia qualquer, comprar um livro com a assinatura de Adrielly Soares em uma livraria de Shopping e poder me recordar da amiga que tive, da amiga que tenho e que sempre terei!
=*
Adeline, Adelaide, Drilly, Adrielly ou qualquer uma delas que são a mesma coisa que a Carolina, Célia, Carine, Camila pro Eduardo...
As coisas que vc escreve são realmetnte de uma sutileza muito incrivel! Isso me faz lembrar de contos da Clarice...
Espero imensamente, no futuro, em um dia qualquer, comprar um livro com a assinatura de Adrielly Soares em uma livraria de Shopping e poder me recordar da amiga que tive, da amiga que tenho e que sempre terei!
=*
Li duas vezes em dias diferentes pra pensar em um comentário original. Não consegui. Adorei esse texto, muito mesmo. Algo de melancolia misturada à alegria. Saber que uma coisa boa vai acontecer pela última vez é tanto triste quanto aliviante, pois ao mesmo tempo em que se antecipa a saudade, pode-se aproveitar mais para guardar melhor a lembrança. A consciência de uma última vez é melhor do que a ignorância, eu acho. Enfim...
Além da históriaa ser boa, está muito bem contada. Suas narrativas são, de fato, cada vez melhor!
bjins
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